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Poeta de Periferia (gui)
2 min readMar 28, 2024

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Quadro com horários tabelados: é hoje!
Terno e gravata, mas nas multinacionais não executam nada
Uniformes em suas várias acepções: bonés, sapatos, calças, botões
Bom dia! Boa tarde! Como vai! Sermões!

Ufania unânime nômade com nome:
Fome… Micro-ondas é a nova cozinha a quem despende metade do dia
Nas praças arborizadas mesmo, do jeito que veio (marmita)
Ao som dos pássaros, dos carros e do roncar de dentro

Estepe de gente com furo rente ao muro
Voltando à cor: totalmente preto (terno)
Absorvendo todos os espectros da luz visível
Queria que soubessem

Movimento madame mormente melhor
Destoando à cor: pés vermelhos que sangraram depois (sapatos)
A quem despende metade do dia o pé se finca no chão
Alicerce de uma enorme construção… E demolida, dia após dia

Operários sem pás, sem paz, sem pés descansar
Ainda quando em pé nem fazem questão de sua presença darem atenção
Pupilas conflituosas, confusas a ignorar a quem despende metade do dia
A vigiar, assegurar, informar, torrar ao sol e ninguém ligar

Saudabilidade nos rádios e ruídos
O infinitivo nem sempre é preciso (ão). No entanto, os calos são,
As datas perdidas, os dias e dias sem ver quem devia (queria), sem livros
Nas mãos, cafeína a percorrer cada vaso da circulação sem interrupção

Pouco pagamento para passar perrengue
A precisão é, certamente, assegurada pelos dias despendidos (perdidos)
Livros, passeios, abraços, diplomas são racionalmente trocados
Por mais horas de sono… Devido à escala: por nada!

Rindo uns com outros: pra passar bem o tempo
Café na mão e remédios pra dormir que a gente toma
O pior, nem sei, se é ficar dias e dias sem ver filhos
Amar a mulher (ou homem)

Ostentei sabedoria: quem diria, dirá
Dias e dias a fio sem saber como vai na escola, jogar bola, se passou frio
O pior, nem sei, se é ficar que nem espantalho, um manequim
empoeirado… Com teias de aranha
Isso, talvez, explique os olhares indiferentes, desdenhosos de pessoas
estranhas

Tiradentes na área, Capão cipá (pá!)
Copiou? Tô mais enrolado que o fio do fone do rádio (na escuta)
É uma espécie de ligação cortada, com ruídos, prestes a desligar
Exatamente como os transeuntes e os manequins… Ligação distante.

Êmese, email, em si tudo esquecido
Mãos cruzadas à frente ou escondidas atrás
Postura incólume, soberba, um monumento
Pichada não é, pois respira e vigia e informa e torra

Guardado na sarjeta do sucesso (ontem)
Pode tirar foto? Abre portões… Olhares desdenhosos não tem cadeados
Siga a passarela! Atravesse a via! Vire à direita, à esquerda
Adiante, em frente.

Ei, improteção longeva também pra mim
A indicar veredas que não quer (em) que entre (não pode)
É uma placa de trânsito de terno e gravata e que fala
Após despender metade do dia guardada na gaveta do cansaço
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Poeta de Periferia (gui)
Poeta de Periferia (gui)

Written by Poeta de Periferia (gui)

preto poeta de periferia. poesia e resistência são sinônimos pra mim. Meu Podcast "Quebradas, Emoções": https://anchor.fm/poetadatiradentes

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